Qual a melhor opção: quitar o financiamento imobiliário ou investir?
Quando a pessoa tem um imóvel financiado e recebe um dinheiro extra, sempre bate aquela dúvida. Será que é melhor quitar o financiamento imobiliário ou investir o capital em alguma aplicação para valorizá-lo? A resposta para esse tipo de pergunta é: depende do seu objetivo e dos custos de cada decisão.
Para ajudar você, desenvolvemos este artigo. A seguir, separamos os principais pontos a serem observados antes de se tomar essa importante decisão. Confira os tópicos seguintes!
O que acontece quando se antecipa a quitação do financiamento?
Para os que possuem um capital em reserva, é natural querer saldar parte ou o restante das prestações do financiamento. Dessa forma, eles eliminam uma dívida. Além disso, muitos tomam essa decisão por acharem que as taxas e os juros que incidem sobre o crédito serão retirados ou terão um grande desconto. Mas será que é assim mesmo?
Na verdade, as taxas não são extintas, mas recebem um abatimento pela antecipação do pagamento. Para chegar a esse desconto, a instituição financeira analisa alguns fatores, como o tempo que falta até o fim das prestações e a proporcionalidade dos juros relativos ao valor total do financiamento.
Sendo assim, fica bem claro que a redução das taxas e dos juros varia de acordo com o tipo de financiamento e o contrato feito entre as partes. No entanto, é importante lembrar que as transações feitas até 2007 tinham uma tarifa para antecipação de pagamento.
Em vista disso, caso o contrato tenha sido assinado até aquele ano, o interessado deve levar em conta esse valor durante o cálculo do custo de antecipação do pagamento. Para entender quanto é essa tarifa, é essencial ler o contrato.
Existem instituições financeiras que não oferecem a possibilidade de saldar o financiamento antes do fim do período da vigência contratual. Porém, essa atitude não está de acordo com a Lei nº 8.078 de 1990, ou seja, o Código de Defesa do Consumidor. O artigo 52 garante a liquidação antecipada da dívida — total ou parcial — com a redução de juros.
Como calcular o custo efetivo do financiamento?
Para descobrir se a quitação do financiamento é um bom negócio, é essencial calcular o custo efetivo total (CET). Essa taxa engloba todos os tributos que incidem sobre o valor líquido do crédito. Embora a composição do CET possa variar de uma instituição financeira para outra, os custos geralmente incluem:
juros;
análise de crédito;
tarifa de abertura de cadastro (TAC);
taxas administrativas;
seguros;
cesta de tarifas;
imposto sobre operação financeira (IOF).
Além desses valores, faz parte desse cálculo a Taxa Referencial (TR) e o Índice Nacional da Construção Civil (INCC). Mas como uma pessoa que não entende bem essa matemática pode descobrir o CET do financiamento? Nesse caso, o ideal é contatar a instituição financeira e indagar sobre esse valor e os custos que fazem parte dele.
Outra possibilidade é analisar o contrato para ter acesso a esses custos e, então, usar uma calculadora virtual do CET disponível em muitos sites de empresas que concedem financiamento. Já a TR é divulgada na página do Banco Central do Brasil (BCB) e o INCC pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Para ficar mais claro, vamos a um exemplo. Imagine uma instituição financeira que tenha apresentado uma taxa de juros mensal de 1,52% ao mês. Os custos que geraram esse valor são:
despesas com avaliação jurídica e do imóvel;
cartório;
seguro de danos físicos ao imóvel (DFI);
taxa de administração;
imposto sobre operações financeiras (IOF).
Nesse caso, somando os juros mensais, o CET anual será de 20,2% ao ano.
O que avaliar ao decidir quitar o financiamento ou investir?
Vários aspectos devem ser levados em conta na hora de optar entre saldar o financiamento ou investir. Por isso, é essencial estudar cada um deles e depois aplicá-los nesse processo. A seguir, vamos considerar alguns fatores importantes.
Atente ao valor da taxa de juros nos dois casos
É necessário observar os valores da taxa de juros de ambas as opções. Quando a taxa do empréstimo for maior do que aquela que você poderia receber em um investimento financeiro, como o Tesouro Direto, valerá mais a pena quitar o financiamento imobiliário.
Cuide da sua estabilidade financeira
É preciso avaliar como está sua situação financeira. Se você deve empréstimos, como cheque especial, cartão de crédito ou outros com juros altos, o ideal é quitá-los o mais rápido possível para que você não perca mais dinheiro.
Outro detalhe a ser pensado antes de quitar seu imóvel é se você tem alguma reserva financeira para ajudá-lo em casos de emergência, como seria o caso de uma doença grave ou o desemprego, por exemplo.
Mesmo que seu desejo seja o de finalmente quitar sua habitação, não é recomendável aplicar nessa transação todo o dinheiro que você tem. É sempre bom manter uma reserva emergencial.
Pesquise opções de investimento seguras
O mercado oferece vários tipos de investimento. Por isso, você deve observar quais são os mais vantajosos para investir seu capital, buscando informações relevantes principalmente em relação à taxa de juros. Os tipos mais comuns são:
Tesouro Direto;
LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio);
LCIs (Letras de Crédito Imobiliário).
Uma boa opção oferecida pelo Tesouro Direto é o IPCA. Como vantagens, ele apresenta baixo risco e proteção contra a inflação, uma vez que seu retorno é composto pela inflação mais uma taxa fixa, definida na hora da aquisição do título. O Tesouro Direto tem um site com todos os detalhes dos investimentos que ele oferece.
No caso das LCAs e das LCIs, as vantagens incluem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o que garante a segurança de até R$250 mil por investidor. Além disso, os rendimentos são isentos de Imposto de Renda. Os custos variam de empresa para empresa, de modo que é necessário fazer uma boa pesquisa antes de iniciar esse tipo de investimento.
Verifique a porcentagem do desconto para quitar o financiamento
Se você vai fazer a quitação antecipada do seu imóvel, é importante saber que é obrigação do banco excluir o valor total dos juros das prestações a vencer. Além disso, outros itens também devem ser descontados, como:
taxa de administração e de risco ao crédito;
seguros;
multas, entre outros tributos acrescentados pela instituição.
É aconselhável fazer alguns cálculos para não correr o risco de sair no prejuízo. Se com todos esses descontos seu lucro for maior do que em um investimento pelo mesmo período em que estaria pagando o imóvel, o mais vantajoso é, sem dúvida, quitá-lo.
Confira a possibilidade de quitar parte do financiamento
É muito importante manter uma reserva financeira para lidar com imprevistos. Por isso, em alguns casos pode valer a pena quitar apenas parte do financiamento. Assim, você não fica totalmente descapitalizado e pode até investir seu dinheiro em um negócio próprio, por exemplo.
Sem contar que amortizar as parcelas do empréstimo diminui seu saldo devedor e os juros a serem pagos, além de acelerar a quitação. Aqui, mais uma vez, entra a questão de calcular o custo-benefício dessa operação.
O sistema de amortização mais usado atualmente é o da tabela SAC (Sistema de Amortização Constante). O valor é reduzido mês a mês em uma constante, mas são pagos mais juros no início do empréstimo do que no final, o que faz com que as parcelas sejam menores com o tempo.
Portanto, ao amortizar o saldo devedor do seu financiamento imobiliário, na prática, você está deixando de pagar os juros e encargos que incidiriam sobre o valor quitado. Já que o pagamento está sendo feito antes do que a instituição financeira inicialmente esperava receber, não há a cobrança de juros sobre aquela quantia.
Lembre-se de que as taxas de juros impactam a amortização da dívida
Traçando um paralelo entre as perspectivas de quitar o financiamento imobiliário ou investir seu dinheiro, é preciso levar em consideração os pontos positivos e os negativos, e isso vai da preferência de cada um.
O que não pode ser esquecido é como as taxas de juros impactam a amortização da dívida e se o investimento possibilita que você obtenha mais lucros. Considere as seguintes situações:
Será que vale a pena ficar totalmente sem dinheiro para quitar uma dívida, mas ficar livre dela?
E se aparecer algum imprevisto? Tenho um planejamento financeiro para me ajudar nesses momentos?
Se eu vou lucrar mais investindo meu dinheiro do que quitando meu financiamento, por que não aplicá-lo?
Todas essas questões devem ser consideradas antes de se tomar alguma decisão. O melhor é que você tenha uma reserva financeira e, depois, verifique a viabilidade de quitar o imóvel ou investir.
O gestor financeiro Luiz Antônio França, ex-presidente da Associação de Crédito Imobiliário, deixa claro que é preciso fazer um bom planejamento antes de tudo. Ele aconselha a quem tem juro baixo por longo tempo a continuar pagando as prestações e aproveitar o dinheiro que sobra para fazer uma boa aplicação.
Enfim, como toda decisão, quitar o financiamento imobiliário ou investir o dinheiro é algo que exige estudo e atenção. Por isso, muitos optam pela ajuda de uma empresa que entenda desses cálculos para fazer uma escolha que traga benefícios em vez de frustrações. Fazendo assim, o orçamento familiar permanecerá seguro.
O que achou de nosso artigo? Entendeu o que é melhor entre quitar um financiamento imobiliário ou investir o dinheiro?
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