Por que esta é uma boa hora para comprar imóvel?
Para quem se pergunta se ainda vale a pena comprar um imóvel na planta em 2022, a resposta é sim. O mercado imobiliário já teve seus momentos difíceis, mas essa é uma fase boa, sendo que o ramo é um dos principais motores da economia do país.
Especialistas afirmam que a queda da taxa de juros do financiamento imobiliário e os valores estáveis indicam um bom momento para compra de imóveis. Marcelo Prata, especialista em crédito imobiliário, explica que com o aumento dos estoques de imóveis das incorporadoras, as melhores oportunidades de negócio podem estar em imóveis novos, não mais em usados, como antigamente.
"Os juros subiram, mas ainda estão abaixo da média histórica, e isso faz com que as prestações caibam no bolso dos consumidores", avalia Eduardo Aroeira, presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF). Ele lembra que os insumos usados pelo setor estão subindo muito e, mais a frente, isso vai ser repassado para o preço dos imóveis. "Portanto, quem puder comprar agora é o melhor momento", acrescenta.
Conforme dados de uma pesquisa do Behup Group, 25% das pessoas mudaram de residência desde o início do isolamento, cerca de 20% tomaram a decisão por causa de casamento, 4,6% por separação, e uma parcela razoável por alta do aluguel (14,4%) ou pela necessidade de um lugar maior (12,5%).
Pressão inflacionária
Em março do ano passado, a taxa básica da economia (Selic) que estava no piso histórico de 2% anuais e voltou a subir. Devido à inflação elevada e persistente, tanto no Brasil quanto no exterior, o Banco Central promoveu altas consecutivas na Selic ao longo de 2021.
Atualmente, a taxa básica está em 9,25% anuais e analistas alertam que os juros podem ir até 12% ao ano. Logo, o momento atual é ideal para quem ainda quer comprar um imóvel. Mas tome cuidado: as mensalidades não podem comprometer mais do que 30% da renda familiar mensal.
Por conta da decisão do Banco Central, os cinco maiores bancos do país — Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander Brasil — elevaram suas taxas para aquisição da casa própria, que estão em torno de 9% ao ano, mais a variação da Taxa Referencial (TR). Um relatório do Santander projeta que, embora a procura por crédito tenha aumentado em 2021, o ritmo não deve se manter no ano que vem, justamente em razão dos aumentos dos juros.
Aliás, o mercado imobiliário manteve-se aquecido durante a pandemia, mas não está imune às dificuldades acentuadas pela inflação. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip), houve queda de 3,9% nas concessões de crédito para compra de imóveis em outubro de 2021 em relação a setembro, ao passo que a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic) aponta recuo de 9,5% nas vendas no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
Setor importante
No Brasil, o mercado imobiliário tem importância para a economia, destaca Felipe Queiroz, economista e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo. "Pensando na cadeia como um todo, a construção civil é fundamental porque, além de empregar muitas pessoas — por consequência ativando a economia —, move uma série de cadeias produtivas", explica.
Roberto Luís Troster, economista e consultor da Troster Associados e ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), compartilha da mesma visão. "O setor imobiliário contribui com mais de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos últimos 12 meses, foram R$ 194 bilhões em negócios, que não é pouca coisa", diz. De acordo com Troster, porém, a contribuição poderia ser maior, especialmente em razão de um sistema de financiamento melhor. "Em outros países, a participação do setor é mais relevante. A situação do financiamento aqui no Brasil precisa ser melhorada", acrescenta.
Na avaliação do ex-economista-chefe da Febraban, independentemente da forma de aquisição ou da situação da economia nacional, as pessoas vão continuar procurando imóveis. "Mas tudo vai depender do custo do financiamento da casa própria", destaca.
A corretora Danielly Almeida reforça que, embora muitos tenham suspendido a compra de imóvel no último trimestre de 2021, sair do aluguel é um bom negócio. "A alta do aluguel faz com que financiar o imóvel próprio seja vantajoso. No ano passado, houve reajustes de 30%. É muito", explica.
O cenário pela frente é favorável: combina financiamentos com juros baixos e imóveis com preços ainda estáveis. Entenda
Quem está em busca de um imóvel para morar encontra um cenário favorável pela frente: a combinação de financiamentos com juros baixos e imóveis com preços ainda estáveis. As vendas do mercado imobiliário ensaiam uma recuperação, mas o movimento ainda é morno, o que pode gerar chances de barganha para o consumidor.
Os lançamentos de imóveis novos cresceram 23,3% nos últimos 12 meses, enquanto as vendas subiram somente 8% no mesmo no mesmo período, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Isso significa que ainda há estoques e oportunidades de negociação diante de um mercado reprimido.
Além dos preços, as condições de financiamento também estão atraentes. Os bancos reduziram as taxas do financiamento imobiliário, uma reação à queda nos juros da Caixa e à manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em sua mínima histórica, 6,50% ao ano. A taxa média do financiamento imobiliário em abril era de 8,1% ao ano, segundo o Banco Central.
Taxas baixas devem impulsionar os financiamentos imobiliários, que devem crescer 10% este ano, segundo o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Duarte de Abreu Filho.
“É uma sinalização positiva de retomada, mas ainda não é um número para celebrar. A recuperação vai ser mais lenta do que imaginávamos”, diz.
As taxas baixas devem durar pouco tempo. “Diante das incertezas no cenário político e econômico, o mercado espera que os juros voltem a subir em 2019 e isso vai influenciar o mercado imobiliário”, explica o economista da Fipe Bruno Oliva.
Volta da inflação, aumento dos juros nos Estados Unidos, alta do dólar e eleições são fatores que podem levar o Banco Central a subir os juros novamente.
Já os preços dos imóveis devem se manter estáveis até o ano que vem, segundo Oliva, diante da falta de confiança dos consumidores na economia e da recuperação devagar do mercado imobiliário.
“Não é preciso correr, mas há possibilidades de encontrar bons negócios para quem procurar com calma. Mesmo que a economia volte a crescer, os preços dos imóveis vão demorar mais para subir do que os preços de outros ativos”, diz Oliva.
A tendência é que as boas oportunidades de negócio diminuam com o tempo, já que os estoques estão cada vez menores, como aponta o executivo do grupo Ourinvest Nelson Campos. “Ainda que o cenário não esteja consolidado, é momento para olhar os imóveis com carinho”, diz.
Momento é bom só para quem se planejou
Apesar do bom momento, só é favorável comprar um imóvel agora para quem se planejou financeiramente, isto é, juntou o valor da entrada. Os bancos privados exigem 20% do valor do imóvel de entrada, no mínimo, e a Caixa, 30%. Porém, para a parcela do financiamento ser equivalente ao custo mensal do aluguel, é recomendável dar uma entrada de 50%, pelo menos.
“Na maioria dos casos, a prestação vai custar até três vezes o valor do aluguel, se você não se planejar para dar uma entrada maior”, explica o especialista em crédito imobiliário Marcelo Prata, fundador dos sites Canal do Crédito e Resale.
Além disso, para financiar um imóvel, é preciso ter uma vida financeira estável, com alguma previsibilidade no emprego.
Como fechar o melhor negócio
Com o aumento dos estoques de imóveis das incorporadoras, as melhores oportunidades de negócio podem estar em imóveis novos, não mais em usados, como antigamente. Mas é melhor garimpar antes de excluir possibilidades. O momento é para barganhar. Os descontos médios são de 10%, segundo Prata.
Vale sondar com moradores e corretores se o prédio tem problemas ou se a taxa de condomínio é alta, por exemplo. Também é importante pensar se o perfil e a localização do imóvel se encaixam nos seus planos. “Nunca assine a compra de cara, no estande de vendas. Controle a empolgação”, orienta Prata.
Ao escolher o financiamento do banco, compare o Custo Efetivo Total (CET), que inclui o valor de todas as taxas além dos juros, e propostas de todos os bancos. A pesquisa dá trabalho, mas é importante para reduzir o valor das prestações.
Fonte: EXAME
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